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Capitulo II: Espelho

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Mensagem  Admin Qua Jan 09, 2013 3:02 pm

Capitulo II
Espelho

Mais um dia tinha começado e eu estava na minha sala de aula. Como sempre todos conversavam e eu continuava na minha carteira. A porta se abriu e o novo aluno entrou, se sentado na carteira da fileira ao lado da minha. Não encarei ele e muito menos disse algo, continuei a ficar em meu canto, só. As aulas eram as de sempre, interessantes, mas ao mesmo tempo chatas. Assim que o sinal batia era um alivio para muitos da sala. O dia passou voando, quando menos percebi já era intervalo.
Estava prestes a ir para o telhado quando Park Ann me apartou.
- Olá Hong Cheun Su. – falou o meu nome inteira como se estivesse pronunciando algo terrível. – Posso falar com você no telhado?
- Que coincidência. – sussurrei olhando para o chão. – Era para lá que eu estava indo mesmo.
Ela sorriu para mim, era o sorriso mais falso que eu já tinha visto. Saímos andando rumo ao telhado. Eu sabia que ela estava aprontando algo, assim como sabia de que ela poderia fazer algo com que eu fosse um tipo de atração turística. E isso era algo que não queria. Assim que chegamos no terraço, as garotas de ontem estava lá esperando. Elas me encaram com sorrisos cínicos no rosto.
- Sobre o que você quer falar? – perguntei as encarando. – Achei que seria apenas uma conversa.
- E vai ser é claro. – murmurou Ann cruzando os braços de forma superior. – Desde que você faça tudo o que mandarmos, vai ser apenas conversas.
Fechei as mãos em punhos. Engoli em seco, o que elas aprontavam eu não sabia. Mas com certeza boa coisa não era.
Foi então que senti algo acertar a minha perna com força.
Cai de joelhos no chão. Olhando para o lado vi uma delas segurando um bastão de hóquei. Minha perna afetada tremia sem parar. Elas não queriam conversar de jeito nenhum. Tudo o que elas queriam era apenas terem certeza de que eu ficaria de bico fechado. Cerrei os dentes com raiva.
- O que foi? – Ann perguntou se agachando. – Está dando uma de legal ficando com raiva da gente? Adivinhe! Não tem ninguém para ser a sua plateia! – ela levantou a minha cabeça e então murmurou me ameaçando. – Aqui você é a vitima e eu sou o carrasco, o juiz e a corte. Não importa o que você diga a sua sentença de vida ou morte depende a mim.
Olhei para o chão, me sentindo derrotada. Ann então se levantou e me chutou a face, me fazendo cair no chão. Senti como se meus dentes fossem cair pela força que ela usará no chute. Meu cabelo caia sobre meus olhos, mas mesmo assim eu conseguia ver o sorriso malicioso em seu rosto e como ela se divertia em me ver em tal estado. Uma delas me ergueu, me puxando pelo colarinho.
- Escute Cheun Su. – sussurrou suspirando. – Faça o que mandamos e ninguém sairá ferido.
Eu estava com medo naquela hora. Medo de saber o que elas fariam comigo. Simplesmente assenti. E então, ao me soltarem, elas saíram andando sem dizer mais nada. Sentindo meu corpo inteiro tremer, sai andando até a grade do terraço e me sentei. Me encolhi no canto abraçando a mim mesma. Senti as lágrimas se formarem novamente. Desde quando eu era tão chorona? Nem eu sabia. Pela amor de Deus nem faz 2 dias e já estou praticamente no fundo do poço!
Solucei aos choros. Fiquei naquela posição encolhida durante horas, mesmo sabendo de que a aula continuava. Continuei por lá, eu não queria sair de lá e saber de que muitos estavam me observando cambalear. A minha perna ainda doía e isso era algo que já estava me incomodando. Quando menos percebi o sol o ultimo sinal do dia soou. Me levantei e andei cambaleando um pouco para fora do terraço. Por sorte eu estava com a minha bolsa, isso me poupou de ir até a sala de aula. Enquanto andava, ouvi um som percorrer os corredores. Era uma linda melodia.
Me deixei levar, e sai andando até onde a musica se encontrava. Quando cheguei era a sala de música. Abrindo a porta eu vi um garoto tocando piano. Ele tinha os cabelos curtos e bagunçados. E era tingido de roxo. Ele não usava uniforme do colégio, mas mesmo assim eu fiquei curiosa. Ao invés de interferir na melodia, continuei em meu canto ouvindo e desfrutando. A musica parou abruptamente. Ele se virou para mim. olhando para o chão, me virei.
- Ei, você! – chamou. Eu me virei para vê-lo. – Desde quando você está aí?
Engoli em seco antes de dizer qualquer coisa
- Não muito. – respondi simplesmente. – Eu estou indo embora. – eu me virei e sai andando, sem deixar ele dizer algo.
Eu não queria ficar mais um minuto sequer naquele lugar. Sai do colégio ainda cambaleante, não fui pelo caminho de sempre. Fui pelo lado oposto. Passei por enormes prédios no trajeto, até eu avistar o hospital que tinha por lá. Entrando no hospital, passei pela recepção e fui direto para o elevador. Eu e um médico esperávamos o elevador pacientemente.
Assim que o elevador parou, entramos.
- Que andar? – ele perguntou clicando no 10.
- Tudo bem, é no décimo também. – respondi sorrindo para ele.
Assim que as portas do elevador se fecharam, ele subiu rumo ao décimo andar. Fiquei olhando para o chão, eu não queria ir para a escola no dia seguinte. Mas deletei esse pensamento na hora que o elevador parou no andar que eu desceria. Assim que as portas se abriram, saí andando pelo corredor.
Parei em frente do quarto 450. Suspirando, abri a porta. No quarto estava um garoto que deveria ter a minha idade, em coma. Fechei a porta atrás de mim e andei até ele, me sentei na cadeira que tinha ao lado dele. Eu nunca o conheci de verdade, mas eu me lembrava do primeiro dia que vim parar naquele lugar.
Eu tinha caído das escadas e minha perna estava torcida. Assim que fui levada ao hospital. O medico me fez ficar por lá durante 3 dias antes de me dar alta. Mas eu me lembrava de quando ele apareceu no quarto. Os médicos apareceram com ele em uma maca e o colocaram na cama. Ele era um paciente em coma. Eu me levantei e me sentei do lado dele e comecei a falar como se ele me escutasse. Coisas do tipo, “oi, eu me chamo Hong Cheun Su, e você?”
Olhando para a ficha que tinha em cima da mesa eu vi de que o nome dele era Ren. Sakai Ren. Eu fiquei falando por horas com ele, sendo de que ele nem ao menos falava. Apenas escutava. Assim que eu saí do hospital em alta. Às vezes eu vinha para visitar ele. E isso já faz 1 ano. E naquele dia eu tinha vindo para chorar. Eu senti as lágrimas caírem de meus olhos. Eu poderia nunca ter o realmente conhecido, mas eu sentia de que ele era a pessoa mais próxima de mim depois do Sun Joh. Fechei as mãos em punhos e meu corpo todo tremia. Segurei a mão dele e sussurrei.
- Eu sei que você não me conhece. – reprimi um sorriso de canto. – E ao mesmo tempo não sabe quem eu sou. Mas eu agradeço por eu poder chorar ao lado de alguém. Se um dia você acordar eu me apresentarei devidamente.
Soltei a mão dele e tirei da minha bolsa o meu mp4. Mesmo sabendo de que ele estava dormindo, ao menos eu queria que ele ouvisse uma musica. Ligando o aparelho, me sentei na cama dele. Coloquei um dos fones do ouvi dele. E o outro no meu. Dei play e uma musica começou a tocar. Era uma música que eu tinha feito e cantado. Nunca tinha deixado alguém ouvir, nem mesmo meus pais. Mas eu sentia de que eu poderia permitir de que ele ouvisse.

Quando eu olho para o céu,
eu sinto vontade de voar.
Quando eu olho para o mar,
eu sinto vontade de nadar.
Mas quando eu olho para você,
tudo o que eu sinto é vontade de chorar.

Meu pequeno amor,
tudo o que eu sinto de você é dor.
Sem dor eu não tenho valor.
Tudo o que eu sinto é vontade
de chorar até o amanhecer...

Quando eu olho para o céu,
eu sinto vontade de voar.
Quando eu olho para o mar,
eu sinto vontade de nadar.
Mas quando eu olho para você,
tudo o que eu sinto é vontade de chorar.


A musica continuou e eu sentia as lágrimas ficarem mais e mais intensas. Secando as lágrimas, retirei os fones de ouvido dele e me levantei. E então sai andando, indo embora. Novamente o deixando só no hospital.
Saindo de lá, voltei a andar no meu percurso para casa. Mas no trajeto, tinha uma loja de eletrônicos, onde na vitrine mostrava as televisões ligadas. Passava um show de moda. Diziam de como a mulher era bonita ao vestir roupas extravagantes, dando ideias de maquiagem e moda. A maior parte das pessoas que estavam ali assistindo eram mulheres. Mas eu nunca entendi porque elas precisavam disso. A mulher já tinha sua beleza natural, tudo o que elas faziam era encher seu rosto de coisas superficiais para atrair um cara e isso era tudo.
Suspirando sai andando, senti meu estomago roncar. Do outro lado tinha uma lanchonete que daria para comprar algo para comer. E como eu tinha dinheiro comigo resolvi atravessar a rua. Atravessando a rua, entrei na lanchonete e pedi por um sanduiche natural.
Eu não estava de dieta, mas sim foi o que deu para comprar com o dinheiro que eu tinha na carteira. Fora uma água. Enquanto comia, na televisão mostrava um canal de moda. Pedi para que trocassem para o canal de esportes, por sorte não tinha muita gente lá que se interessava por aquilo, então trocaram de canal. Passava um jogo de basebol que era mil vezes mais interessante que aquilo.
Bebendo a água fiquei observando os jogadores. Olhando para o relógio e percebi de que já estava anoitecendo. Me levantando paguei o caixa e sai andando para ir pra casa, mas um homem me apartou. Ele segurou meus ombros e olhou para o meu rosto. Ele sorriu.
- Ela é perfeita! – exclamou rindo, eu o olhei confusa, mas então ele se acalmou. – Desculpe, eu sou de uma agencia de moda e eu acho que o seu rosto é perfeito para se tornar uma modelo.
- Não estou interessada! – respondi sem mais nem menos. Mas ele continuou a insistir.
- Vamos, não é todo dia que alguém como você possa receber esse tipo de oportunidade.
- Alguém como eu? – sussurrei mordendo o lábio inferior.
- Sim, alguém como você! Alguém que pelo jeito não usa maquiagem e tem uma beleza natural irrefutável!
- Vou repetir... – murmurei me virando. – Eu não estou interessada.
E então sai andando antes que ele pudesse dizer algo. Eu não queria entrar naquele mundo. Um mundo onde somente a beleza reina e pessoas simples como eu são ignoradas. Eu não queria ser paga só para andar para um lado e para o outro. Não importa quanto tempo leve para elas aprenderem a andar graciosamente ou quanto tempo leva para elas ficarem bonitas. Para mim aquilo não passava de um monte de estrume.
Parei. Suspirando, ouvi uma risada. Olhando para o lado eu vi duas mulheres em frente a um espelho em uma loja que tinha por perto. Me aproximando vi pela vitrine uma delas usando um vestido de noiva, eu conseguia ouvir o que elas diziam.
- Nossa, esse vestido ficou lindo em você! – uma delas berrou. – Não acredito que você vai casar antes de mim!
- Não se preocupe, o Oppa vai ser um belo cunhado para você, Unni!
- É como dizem! – exclamou sorrindo de orelha a orelha. – Quando uma mulher se olha nos espelho se sente mais confiante!
Ouvindo isso, eu senti o meu olhar gelar e os meus ossos do corpo estremecerem. Me virando sai andando rumo para casa, que era algo que eu deveria ter feito a tempos. Chegando em casa, entrei de imediato em meu quarto. Tinha um espelho pendurado na parede. Eu me encarei no espelho.
Eu usava o uniforme da escola ainda.
Encarando o meu reflexo eu não conseguia pensar em como elas podem dizer de que uma mulher se sente mais confiante ao se olhar no espelho. Para mim tudo o que havia ali era o meu reflexo e nada mais. Nenhum outro sentimento se invadindo nem nada do tipo, somente eu mesma.
Fechando as mãos em punhos, com raiva, me virei de costas. Eu não queria me ver naquele espelho e me sentir tão deplorável. O telefone começou a tocar, andei devagar nas esperanças de que a pessoa do outro lado da linha desligasse, mas é claro que não aconteceu.
Parei em frente ao telefone e o retirei do gancho. Do outro lado da linha era minha mãe.
- Cheun Su... Sinto muito... A mamãe e o papai não poderão voltar hoje para casa... – murmurou e então desligou na minha cara. Olhei para o chão por alguns segundos antes de colocar o telefone no gancho com força.
Corri para o meu quarto e retirei o meu uniforme, meus cabelos morenos caiam sobre meus olhos. Abri o meu armário e retirei um par de roupas, corri para o banheiro que se encontrava no corredor e me tranquei por lá. Esperei alguns segundos antes de finalmente retirar minhas roupas intimas e ir tomar banho. A água quente que escorria na minha pele era o único alivio que eu tinha naquele instante.
Aquele era o único momento no qual eu poderia ficar realmente só com os meus pensamentos.
Nem deu 5 minutos, desliguei a água do chuveiro e me sequei com a toalha. Ao me trocar sai do banho com o cabelo enrolado na toalha como um turbante. O vapor quente ainda tocava minha pele, passando pelo corredor, parei. Eu estava em frente ao espelho que minha mãe tinha posto.
Me encarei novamente, senti meu braço tremer de raiva e angustia. Senti meus olhos se dilatarem de raiva...
E quando percebi eu tinha socado o espelho. Os cacos de vidro penetravam minha pele, o sangue escorria das feridas que tinham sido abertas, a dor era sufocante, puxando minha mão, percebi de que havia cacos presos.
Cai no chão de joelhos com o choro se formando e caindo em cima de minha mão ferida. Eu não chorava por causa da dor iminente que eu sentia e muito menos pelo sangue... Eu chorava porque tudo aquilo não passava de uma tremenda farsa...

“O espelho nunca mente... Quem mente é aquele que se vê...”


Contiua no proximo capitulo...
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