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Capitulo III: Diferente

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Mensagem  Admin Qua Jan 09, 2013 3:04 pm

Capitulo III
Diferente
Naquele dia eu não tinha ido para aula. Fiquei em casa por causa da minha mão que doía muito. Estava enfaixada e os cacos de vidro estavam no lixo. Estava na cama, deitada ainda de pijama abraçada ao meu travesseiro. Eu me sentia estranha, em 2 dias acontecerá muita coisa. Fechei os olhos na esperança de cair no sono, mas não consegui pelo fato de estarem batendo na porta.
Suspirando pesadamente, fiquei de pé e andei até a porta. Como não tinha olho mágico nem nada, não poderia ver quem era. Sendo assim somente abri a porta para ver quem era. Era um homem alto usando boné, escondendo seu rosto.
- Posso entrar? – perguntou entrando sem ao menos eu responder. – Nossa ainda usando pijama de hello kitty?
- Ei! – pronunciei, fechando a porta. – Quem é você? Não vá entrando nas casas dos outros assim!
- Não se lembra de mim Cheun Su? – parei sem entender. Ele retirou o boné, revelando os cabelos loiros e seus olhos verdes. A pele era totalmente branca e seu sorriso parecia aqueles da propaganda da Colgate. – Não acredito que já se esqueceu de mim!
- Yuki-niichan! – exclamei o abraçando. – Há quanto tempo!
- Você precisa perder os costumes do Japão Cheun Su. – murmurou se afastando de mim. – Aqui tem televisão? Tem sim!
Isso mesmo, eu era mestiça entre japonês e coreano. Vivi 12 anos no Japão, depois passei a morar na coreia, alguns costumes eu não tinha perdido, como chamar meu almoço de bento. Meu irmão tinha ficado na Japão, mesmo não sendo exatamente irmão de sangue meu, afinal ele era filho de uma americana. Ele era 100% americano, se não fosse pelo fato de ter olhos castanhos e puxados que nem a de um japonês provavelmente ninguém acreditaria, se bem que ainda falam que ele pinta o cabelo de loiro. Para tirar sarro usa lentes de contato verde e diz que é americano puro e depois tira a lente e diz que é mestiço. Nunca entendi a piada e nunca entenderia.
- Yuki o que você está fazendo na coreia? – perguntei, me indo atrás dele. – Digo, você não estava no exercito?
- Eu desertei. – respondeu com a voz quase cantarolante. Estava quase gritando quando ele continuou. – Estava bebendo umas bebidas alcoólicas e cai de sono, quando acordei estava na cama com a mulher de um comandante. Resumindo: fui mandado para o avião com passagens só de ida para Las Vegas, mas vendi minha passagem por uma boa grana e comprei passagem para coreia.
- Tecnicamente você não desertou, eles que te mandaram embora. – falei dando um suspiro sem entender o que estava acontecendo ao certo. – E emprego? Você não vai ficar aqui na minha casa, ou vai?
- Vou morar aqui para falar a verdade. – ao dizer isso congelei, espantada. Ele pulou no sofá da sala, se deitando. – Minhas coisas chegarão amanhã. E quanto ao trabalho... – fez-se uma pausa e ligou a televisão. – Vou dar aula na escola que estudei.
- Você? Dar aula? – berrei incrédula correndo até ele e me ajoelhando ao seu lado. – Você ao menos sabe como dar aula? E você cursou uma escola? Você sempre dizia q escola são para nerds!
- Cheun Su... – sussurrou me encarando e dando um sorriso safado. – Eu fui treinado para desarmar uma bomba com os olhos vendados, os pés atados e com um bloco de cimento nas costas. Acha mesmo que não consigo dar aula de inglês para uns pivetes?
- Em primeiro lugar, você exagerou assim que chegou no cimento. E em segundo... – fiz uma pausa e me levantei. – Você não tem autorização para dar aula.
- Claro que tenho. – falou se esticando todo sobre o sofá, preguiçoso. – Já informei o núcleo escolar, cheguei 3 da matina e já fiz uma prova para poder receber a autorização. E como eu pedi para poder dar aula de inglês, eu sabia todas as respostas.
- Isso porque você viveu maior parte de sua vida na America. – ele me olhou, sua expressão era triste. E o pior era que minha voz saia melancólica. – Fora que as únicas vezes que eu te vi foi quando eu tinha 8 anos e quando eu estava no aeroporto a caminho para coreia, foram as primeiras e ultimas vezes no qual eu te vi.
- Eu sei. – sussurrou sem tirar os olhos de mim. – Mas não se pode fazer nada. Minha mãe não me deixava entrar em contato com a minha queria meia-irmã, nem telefonema para o meu pai ela permitia. – ele então olhou para o chão pensativo e se levantou, ficando sentado no sofá. Suspirou pesadamente antes de continuar. – Só me foi permitido quando tinha 13 anos a passar as férias no Japão.
- Eu sei disso... – sussurrei com a voz saindo mais triste do que eu pretendia. – Muita coisa aconteceu enquanto você não via. E esses 2 últimos dias foram um inferno para mim.
- Não se preocupe, a partir de amanhã não vai ser assim.
Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas me mantive quieta. Yuki se deitou e ligou a televisão. Sorri de canto antes de sair da sala. Eu me lembrava de quando secretamente trocava emails com ele pelo celular, na época ele estava aprendendo a falar coreano, toda palavra que ele escrevia eu acabava rindo de tão confusa que ele deixava as palavras. Só de me lembrar, eu sentia de que o dia de amanhã não poderia ser tão ruim assim.
Corri para a cozinha, de repente eu me sentia animada e de que a tristeza não me incomodaria mais. Só de ter tido a chance de ver meu irmão depois de anos, encheu meu coração pela saudade que eu tinha dele. Eu me lembrava de quando ele me enviava fotos dele a cada mês mostrando como estava crescendo e mudando. Até quando ele estava no exercito arranjava um jeito de me enviar fotos e vídeos. E eu fazia o mesmo, meus vídeos só duravam 10 ou 20 segundos no máximo, os dele duravam até 10 minutos. Ele sempre contava historias que aconteceram com ele e tirava sarro. Sempre sorria quando ouvia ele dizendo “como tem passado?”, “tem comido direito?” e até mesmo quando dizia “não vejo a hora de nos vermos, faremos uma festa grandona”. Mesmo sabendo de que essa frase não aconteceria nunca, eu ficava extremamente feliz.
- Feliz... – sussurrei, parando no meio da cozinha, próxima da geladeira. Eu não me lembrava exatamente a ultima vez que me senti realmente feliz. Só quando Yuki falava comigo, fora isso eu nunca senti meu coração tão tranquilo e cheio de felicidades. Fechei os olhos, pensativa.
Nem mesmo meu “pai” que cuida de mim é biológico. Depois que minha mãe resolveu me trazer para coreia com ela, estive vivendo com ela e seu marido. Eles começaram a quase nunca aparecer em casa, que acabei me acostumando e a me virar sozinha. Abrindo olhos, tentei retirar de minha mente tais pensamentos, mas de certa forma era inútil. Abri a geladeira e retirei uma garrafa de água. A fechando, fiquei pelo menos 1 minuto parada antes de voltar para a sala. Yuki estava assistindo a reprise da novela You’re Beautiful.
- Já está chorando? – perguntei me sentando seu lado, ele só assentiu sem tirar os olhos da novela. Ele era viciado em novelas, até baixava da internet e gravava para assistir depois. Sorri ao imaginá-lo chorando como um bebê, mesmo não sendo necessário sendo que ele estava fazendo isso ao meu lado. – Bebê chorão mesmo.
- Talvez. – murmurou.
- Vou passear um pouco. – falei me levantando e abrindo a garrafa da água em minhas mãos. – Vou aproveitar e comprar algo no mercado.
- Ok. – respondeu fazendo sinal de paz com os dedos. Dei uma pequena risada e fui para o meu quarto. Trocando de roupa andei até meu armário e retirei da terceira gaveta minha carteira. Coloquei no bolso e sai do meu quarto indo até a entrada, colocando meu tênis. – Trás ramen! – Yuki gritou e ri ao ouvir.
Saindo para fora da casa, andei a caminho do mercado. O dia tinha começado péssimo, mas na metade já estava sorrindo como uma babaca. O dia realmente estava lindo para ser desperdiçado em casa.
- Yuki-niichan realmente me animou. – sussurrei enquanto andava alegre.
- Cheun Su! – ouvi alguém berrar meu nome, me virei e vi 3 garotas me encarando, não acreditei. Era Park Ann e suas “amiguinhas”. Engoli em seco, congelada e sem saber o que fazer. Ela andou até mim sorrindo de orelha a orelha. – Hoje quando fomos para a aula descobrimos de que iria ter uma limpeza geral surpresa. Devido a isso tivemos que ir embora.
- Gastamos gasolina da limusine para nada. – murmurou uma das garotas com olhar nojento. – E por coincidência enquanto andávamos pela cidade encontramos você indo para um lugar para pobres.
- Esse “lugar para pobres” se chama mercado. – sussurrei encarando o chão, sentindo minha perna tremer. Suspirei, mordendo o lábio inferior. – Eu preciso ir, meu irmão está me esperando e prometi que compraria para ele ramen.
- Irmão? – Park Ann perguntou, praticamente cuspindo a palavra “irmão” como se sentisse nojo só de falar tal palavra. A encarei com meu braço começando a tremer de raiva. – Provavelmente é um pobretão. Deve usar roupas esfarrapadas cheias de rasgos.
- E provavelmente usa shampoo de lixo para lavar o cabelo! – completou a outra, fazendo com que as 3 dessem risadas. – E provavelmente deve ser feio que nem você. Não é Cheun Su? Afinal irmã feia é comum ter um irmão feio.
- Provavelmente ele deve mendigar por comida. – Park Ann falou dando uma risada. A raiva estava me consumindo e rangia meus dentes. – Afinal, vocês não passam de 2 pobretões burros vivendo em uma realidade no qual nem pertencem!
A raiva passou dos limites, e dei um tapa no rosto dela. Ela me encarou com raiva. Senti vontade de correr, mas não o fiz, me mantive firme e elevei o tom da minha voz.
- Quem vocês pensam que são para falar isso sobre meu irmão? Vocês nem ao menos o conhecem! Não somos pobres coitados que ficam na rua como mendigos! – as palavras que saiam de minha boca saiam em fúria desencadeada. – Prefiro mil vezes ser pobretona do que uma riquinha mimada, burra e que se acha a tal como vocês três!
- O que? – berrou uma delas. – Não acredito no que ouvi! Cheun Su você sabe de quem somos filhas? Sabe o que podemos fazer com a sua vida. Sabe? – ela berrava dando tapas em mim, mas não recuei. – Podemos de uma hora para outra fazer sua vida um inferno.
- Ela já é um inferno. – sussurrei me virando de costas para elas. – Não é como se vocês já não o fizessem assim.
Ao dizer isso sai correndo. Elas não me seguiram. Provavelmente se vingariam no dia seguinte durante a aula. Mas estava pouco me lixando, os tapas que eu recebi de uma daquelas garotas doía, mas não me deixei abalar. Aquela tinha sido a primeira vez que eu tinha levantado a voz ao invés de me encolher e receber as “chicotadas”. Era algo bem estranho considerando que sempre ficava no meu canto, mas só de ouvi-las falando assim do meu irmão me deixou com raiva.
- Bem vindo. – ouvi a voz de um dos empregados do mercado. Caminhei até onde estavam os ramen e peguei 2 potes. Indo até o caixa, paguei e sai de lá.
Caminhei até chegar em casa, mas parei ao ver alguém parado em frente ao portão. Era um cara que deveria ter 1,76 de altura no máximo. Não muito alto que eu. Ele usava calça jeans e camisa preta regata com o desenho de uma caveira, e usava um boné escondendo sua face. Ele estava parado em frente ao portão de minha casa mexendo em seu celular que tinha um adorno em forma de foice. Me aproximei dele.
- Quem é você? – perguntei, ele fechou o celular surpreso e me encarou. – Por que está em frente da minha casa?
- Essa é sua casa? – murmurou olhando para mim. – Essa não é a casa do Ren?
- Ren? – sussurrei confusa. – Não. Essa é a casa é da familia Hong. – falei apontando para a placa que dizia o sobrenome da minha familia. – Acho que você se enganou de casa.
- Acho que sim. – ele então sorriu para mim. – Mas não se pode fazer nada, ficar 4 anos na America acabou com o meu coreano. Mas acho que é por aqui... Bem foi um prazer te conhecer. Eu me chamo Kim Hyojae.
E então saiu correndo acenando para mim, sem deixar eu me apresentar. Suspirando, abri o portão e entrei no meu território. Tranquei o portão e entrei dentro de casa. Meu irmão estava dormindo no sofá. Sorri vendo ele todo jogado, coloquei a sacola em cima da mesa da cozinha e fui até o banheiro tratar do meu rosto. Ao me ver no espelho notei de que estava com a bochecha inchada. Peguei alguns remédios e tratei dele. Coloquei um curativo e sai andando, mas então parei no meio do corredor lembrando do que o homem de mais cedo disse.
- Ren... – sussurrei. Mas balancei a cabeça afastando o pensamento. – Não pode aquele Ren...
E então saí andando até a sala acordar Yuki. Mas ele não acordava de jeito nenhum. Fiquei rindo enquanto continuava a tentar acordá-lo, mas era difícil pelo fato dele ser osso duro de roer quando se está dormindo. Desistindo me sentei no braço do sofá o vendo dormir como um “anjinho”, se não fosse pelo fato dele roncar alto enquanto dormia, acho que seria um “anjo”. Me encostei no sofá e fechei os olhos tentando dormir, mas não conseguia, o som do relógio não permitia eu ir dormir. Desistindo sai andando até o meu quarto, caindo na cama vi de que no relógio em cima de minha cômoda marcava quase sete da noite. Coloquei o braço sobre meus olhos tentando imaginar como seria o dia de amanhã, mas não conseguia.
Suspirando, me levantei e fui até o computador, o liguei. Comecei a mexer na internet. Mesmo não sendo muito do tipo que ficava horas e horas na internet, quando ficava com insônia ou algo do tipo eu gostava de ficar mexendo nela para ver se encontrava algo interessante. Acessei meu perfil em um site que se chamava “friend connection”. Já fazia 2 anos que eu tinha aquele perfil, mas nunca tinha passado pela minha cabeça em conversar com alguém. E quando me conectei alguém começou a conversar comigo.

Hoj Uns: Oi.
Feia: Oi...
Quem é você?
Hoj Uns: Não sei, porque não me diz?

Fiquei em silencio, sem saber o que dizer ao certo, e por fim comecei a digitar. Hesitante mandei a mensagem.

Feia: Como posso saber se você não sabe?
Hoj Uns: Posso ignorar essa pergunta? Rs
Feia: à vontade.
Hoj Uns: Você tem conta no friend connection há 2 anos.
Nossa! E eu só tenho conta há 3 meses.
Feia: ...
Não tinha nada mais o que se fazer na época. Quase não mexo.
Hoj Uns: Percebi...

Ficamos em silencio, não falamos nada. Estava prestes a dar tchau quando ele começou a digitar algo.

Hoj Uns: Posso perguntar por que você colocou “feia”?
Feia: Você já está perguntando...
Hoj Uns: Rs. Eu sei, só não queria que você dissesse “não”.
Feia: ...
É porque sou feia.
Hoj Uns: não deve ser não.
Feia: sou sim. Sou feia, não pertenço a esse lugar no mundo e não importa o que eu faça, continuarei sendo deslocada desse mundo.
Hoj Uns: mas ainda assim não se deve ser assim. Se você me conhecesse me chamaria de babaca.
Feia: por quê?
Hoj Uns: Eu dou aula de matemática em uma escola. Mas depois da aula trabalho como vendedor de croquete!
Feia: croquete? O.O
Hoj Uns: HÁ!
Consegui fazer você colocar um emoticon!! ^^ Na verdade só sou professor de matemática =/
Hoj Uns: eu tenho um professor de matemática...
Ele é meio idiota...
Hoj Uns: -.-
Será que é uma característica?
Feia: talvez... rs
Hoj Uns: melhor eu ir indo. Preciso corrigir umas provas e umas coisas.
Feia: Ok. Tchau então. ^^
Hoj Uns: Tchau então. ^^

Fechei a conversa e passeei pelo site, vendo de que tinha comunidades e outras coisas. Mas não me interessei e sai da minha conta. Desliguei o computador e cai sobre a cama pensando em nada. Amanhã seria sexta-feira, ultimo dia da semana antes do sábado. Fechei os olhos e por fim caí no sono.

Quando acordei eram seis da matina, ficando de pé sai andando porta afora, indo até a sala de estar, Yuki ainda dormia no sofá. Não tentei acordar ele, fui para a cozinha e vi de que tinha café da manhã feito, me aproximei e vi uma carta, ao lê-la, sorri feliz.
- “Aproveite a comida. Yuki” – sussurrei colocando a carta de lado e me sentando. – Tomara que você saiba cozinhar.
E então tirei a tampa que cobria o prato, era um omelete. Sorri e abocanhei um pedaço. Congelei ao sentir o gosto. Às vezes quando eu acordava eu via algumas comidas prontas, o gosto era igual ao omelete. Sempre tinha o bilhete de meus pais dizendo a mesma coisa. Era estranho. Eu me sentia estranha comendo. Tirei tais pensamentos de minha mente e voltei a comer, minha aula começava às sete e meia.
Ao terminar de comer, corri para o banheiro, tomando banho rápido fui para o meu quarto e troquei de roupa, colocando o uniforme do colégio. Peguei minha mochila e sai de meu quarto, indo até a sala, Yuki estava acordando.
- Estou indo! – pronunciei saindo pela porta sem deixá-lo dizer algo. Saí pelo portão e caminhei para o caminho da escola. Logo a aula começaria e as limusines já estavam começando a passar por mim até o colégio. Olhei para os lados, algumas pessoas estranhavam o fato de uma garota que estudava no colégio Cheon Myeong estar andando ao invés de estar em uma dessas luxuosas limusines. Distraída, acabei esbarrando em alguém, por impulso fui me desculpar. – Sinto muito!
- Tudo bem. – olhei para cima, a voz era familiar. Era o cara de cabelo roxo do outro dia. Olhando atentamente, ele estava usando o uniforme do meu colégio. – Você é do colégio Cheon Myeong, certo?
- S-sim. – gaguejei o encarando e sentindo meu rosto arder de vergonha. – Por quê?
- Achei que todas as garotas mimadas gostassem de sair por aí usando limusines. – falou me encarando. – E você está andando como se fosse da classe media.
- Isso por que eu sou da classe média. – murmurei sorrindo de canto. – Não sou como essas garotas.
- Percebi. – dito isso ele saiu andando e eu também. A aula já começaria. – Eu lembro de você. – ele falou repentinamente. – Naquele dia que eu estava tocando piano.
- Ah... – sussurrei olhando para baixo, já estávamos chegando nos portões da escola. – Os portões estão logo à frente... De que sala você é?
- Sala 3.
- Sou da sala 5. – murmurei entrando pelos portões. As garotas me encaravam por alguma razão e cochichavam. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, quando ele sussurrou para mim.
- Elas estão assim pelo fato de eu estar perto de você. – ele me olhou com o canto de seus olhos. – Você não é muito do tipo que atrai as atenções, não é?
- Sim. – sussurrei de volta. – Mas por que estariam olhando para você? Nesses dias já recebemos 2 alunos novos contando com você. Sendo que é raro nesse colégio...
- Vai ver por que elas gostam de ver um rostinho lindo.
- Ah, sim. – me aproximei dele, ficando lado a lado dele enquanto andava. – Eu me chamo Hong Cheun Su. Prazer.
- Me chamo Lee Dongwhan. – falou voltando os olhos para frente. Entramos dentro do colégio e caminhamos pelos corredores lado a lado sem dizer uma palavra sequer, todos os alunos nos encaravam. Estava começando a pensar de que não era o fato dele ser bonito que fazia com que todos o olhassem. Até os caras olhavam. Subimos as escadas em direção as nossas salas. Me despedi dele quando chegamos perto da sala 3 e fui para a minha sala.
Entrando, todos pararam de conversar ao me ver. Não entendi ao certo, caminhei para minha carteira. O aluno novo dormia na carteira que era da fileira ao lado da minha. Me sentei e então todos voltaram a conversar. O sinal soou e todos se sentaram. O garoto do meu lado acordou dando um bocejo e se recostou na carteira. Mas quem entrou não era o professor, era o diretor.
- Bem... – pronunciou vendo se estavam todos em seus devidos lugares. – O professor de inglês Kim Seung Ho foi transferido para outro colégio. Com isso temos um novo professor, não se sintam tímidos em falar com ele. O novo professor de vocês viveu grande parte de sua vida na America. Acredito que todos vocês se darão bem. Pode entrar.
A porta foi aberta e então fiquei chocada ao ver quem entrava. Era o Yuki. Ele entrou usando terno e carregando consigo o livro de chamada, andava com as mãos no bolso sorrindo para todos. As garotas de imediato começaram a sussurrar entre si como se ele fosse um astro do cinema. Ele me olhou e sorriu em minha direção. Mas umas garotas acharam que era para elas e começaram a discutir. Olhei para a janela querendo não prestar atenção, mas ao ouvir o que ele disse me fez olhar na direção dele.
- Eu me chamo Yuki Gray. Mas podem me chamar de Yuki, a minha irmã mais nova se encontra nessa sala. – todos congelaram e começaram a cochichar sobre isso.
- Irmã? Quem será?
- Ai que sortuda! Queria um irmão lindo como esse!
- Mas porque será que ele tem nome japonês? Ele é completamente americano.
- Vai ver ele tenha descendia.
Eu ouvia elas cochicharem. Yuki tinha uma ótima audição que logo respondeu o fato.
- Sobre o fato de vocês estarem cochichando o porquê de eu ter nome japonês, é por que sou mestiço. – ao dizer isso, elas petrificaram. – Sou ex-militar e estou aqui para dar aula, então peço que não fiquem cochichando sobre coisas simplórias.
- Bem, eu vou indo. – pronunciou o diretor saindo da sala. – Preciso organizar umas coisas na diretoria. Boa sorte Senhor Gray. – e então fechou a porta.
- Professor! – Park Ann o chamou com a voz sedosa, ela estava dando em cima do meu irmão. Era verdade de que ele sempre fora fácil de atrair a atenção das pessoas e ter amigos, ao contrario de mim. Mas aquilo me deixava com vontade de rir. – Quem é essa sua irmã?
- Como assim? Achei que vocês todos soubessem quem era ela.
- É verdade que sabemos o nome de todas da sala. – completou Park Ann, o respondendo. – Mas, mesmo assim não lembro de nenhuma mestiça de americano com japonês nesse colégio. E como pode ver nessa sala não há nenhum.
- Isso porque ela não é mestiça de americano com japonês. – respondeu sorrindo, ela tinha se apaixonado pelo Yuki, não estava conseguindo segurar o riso. E duvidava que eles estavam prestando atenção. – Ela é desse colégio, é mestiça de japonês com coreano e quem é ela é segredo!
- Mas professor!
- Vamos começar a aula! – ele pronunciou pegando o livro de chamada. – Não quero perder meu tempo com conversa fiada.
- Conversa fiada? – Park Ann estava indignada provavelmente. – Achei que você gostaria de se interagir com os alunos.
- Mas não sobre minha vida pessoal senhorita Park. – ao dizer isso começou a fazer a chamada, todos respondiam, até que chegou ao meu nome. – Hong Cheun Su?
- Presente. – falei ao ouvir ele dizer meu nome, ele marcou presença e continuou a fazer a chamada. O garoto do meu lado coçava seu cabelo e parecia desinteressado pela aula.
- Kim HyoJae? – ao ouvir esse nome me lembrei do cara de ontem, ele tinha falado o mesmo nome. O garoto levantou a mão.
- Eu. – murmurou bocejando. Yuki marcou no livro e então começou a dar a aula. A voz era completamente diferente do cara de ontem. Então quem poderia ser na realidade? Yuki começou a passar a matéria no quadro e comecei a copiar. O garoto do meu lado então jogou algo em meu colo, era um pequeno papel, o abrindo vi de que tinha uma frase escrita.

“Nem sempre ser diferente é bom...”

Olhei para minha carteira. Não sabia por que ele tinha me jogado aquele papel, mas entendia perfeitamente. Eu era diferente de todos, eu não pertencia a essa realidade de riquinhos, assim como não pertencia a nenhum outro lugar. Suspirando, olhei para o papel e notei de que tinha uma parte dobrada, o abrindo, senti vontade de fugir de tudo.

“Nem sempre ser diferente é bom... E pode ser a pior realidade que existe.”

Amassei o papel em minhas mãos com raiva ao ler tal frase. Engoli em seco e o olhei com os cantos dos olhos, ele sorria...

Continua no proximo capitulo...
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